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Mensagens

A dançarina

Eu já tinha visto duas mulheres se beijando no cinema, na televisão e no Carnaval, precisamente, na praça Castro Alves. Sempre olhei para as lésbicas com algo interessante. Algo que me chamava a atenção por que havia uma sensação de eram mulheres que não queriam sair da esfera feminina, ou ainda, uma masculinização da mulher. Uma mulher que assumia a representação masculina e a outra que se mantinha feminina. Isto de alguma forma era curioso e intrigante. Nunca olhei para um casal de dançarinas como uma casal de namoradas. Olhava para duas artístas. Na dança, as curvas se encontram e desencontram e se embalam na música que vem no ar, dando ao expectador toda uma sensação de algo de bom e um desejo subtil de fazer amor com a sua mulher. Fiquei admirado quando soube que a meu amigo perdeu a mulher para uma dançarina clássica. E de clássica, ela teve de tudo: na arte de seduzir, na arte de enamorar e na arte de a fazer amor e, por fim, na arte de ser mulher e desejar mulheres. Estive com

As novas Margaridas

Todos os dias são iguais. Você acorda. Vai ao banheiro. Faz... depois volta para a sala. Pega o jornal ainda preso à porta. Se estiver com preguiça, não faz o cooper. Caso esteja com vontade, põe o tênis, e sai para ver pernas passando de um lado e para outro. Quando volta, a coisa é a mesma, mamão, melancia, água de coco entre outras coisas as quais compõem seu desjejum. Você repõe suas energias e se apronta para o trabalho. Mas quando sua empregada diz: - Quero minhas contas. - Eu nunca te paguei nada. - Por isso mesmo! Eu quero minhas contas. - Mas... Mas... Mas... eu nunca te paguei coisa alguma. Nunca te paguei nada. Como é que vou começar a pagar agora.?! - Seu Gilson, hoje, faz trinta anos que trabalho aqui. - É... sinceramente. Não sabia. Mas é por isso que você quer as suas contas. Margarida era a empregada desde o tempo que meus pais eram vivos. Aos seus quinze anos, ela entrava pela porta dos fundo, e daqui nunca mais saiu. Quer dizer: enquanto meus pais viviam. Margarida ti

Os Cães da Foz

Fiquei muito admirado quando vi um cão esperando o sinal para atrevessar a passadeira, ou ainda, a faixa como se diz no Brasil. Isso de alguma forma me sensibiliza. É sinal que alguém adestrou o cão e ele colocou em pratica na certeza que não será atropelado. A simples faixa tem um grande significado moral no meu entendimento. Disse para mim mesmo que não iria fazer aquelas comparações absurdas que aqui é assim e lá é assado , acaba sendo um pouco desonesto. São contextos diferenciados e por serem as respostas são diferenciadas. Mas, sei que nós brasileiro perdemos o respeito pelo semáforo. Por um lado, o medo, a intranquilidade e a sensação de insegurança que nos rodeia faz com que tenhamos uma reacção instantânea ao outro. E com isso, nos brutalizamos. Temos medo de sermos assaltados por que paramos no semáforo. Temos medo de atropelar um outrem em função do nosso próprio medo, e se atropolemos perdemos o direito de dirigir e diminuir a distância que percorrer durante o nosso dia a d

Seleção Brasileira

Estava na birosca de seu Zé, quando passou a dona Jacimara. Gostosa que sou ela. A mulher que não diz nada com ninguém. Um bundão que deixa todo mundo em silencio. Aquele movimento dos quadris de um lado e para outro e eu entre outro ficamos olhando para aquele monumento em movimento. Até rimou. Ela de cabeça baixa ou com um olhar distante passar sem falar com um de senhora honesta, casada e fiel ao seu marido. - É casada com o Jaime! Vem aquela voz do fundo bar com a mão no meio da calças ainda seu ajeitando o dono do estabelecimento, que sabe da vida de todo mundo da rua. Por um segundo um falso respeito paira no bar(…)! - Mas não é flor que se cheire. Uns falam outros falam. Eu ouço e contínuo calado. Ela é selação brasileira. - O que é isso Jaime? Seleção brasileira! Perguntei com a curiosidade de saber qual era a relação da seleção brasileira com a mulher que passava. O marido dela joga na seleção? - Quase isso! - Não entendi? Jaime queria vender a história, mas alguém deveria ter

Felipão perdeu novamente a calma!!!

Assisti os jogos da selecção portuguesa. A equipa não convenceu, mas emplacou para outra fase da Euro Copa - 2008. Depois do técnico ter perdido a calma, e ter ficado suspenso por quatro jogos. Quem já viu Felipão actuar no Brasil fica aquela sensação é que ele continua um estrategista de mão cheia. A equipe portuguesa sempre foi cheia de limitações e ele vai vencendo ou empatando as partidas, enfim não perde a 12 jogos. Desde da copa de 2006, fiquei com a sensação de falta um goleador. Um sujeito que goste da bola e a bola goste dele. Isso faz falta em jogo de praia que dirá em uma selecção. Sim, a equipe portuguesa tem óptimos jogadores, mas jogam muito bem nas suas equipas, ganham títulos e publicidade são tratados como verdadeiras estrelas de cinema. Contudo, na hora do jogo (…)! O time joga um futebol sofrível, um futebol feijão com arroz. O craque tal passa a bola para outro craque de forma tal que não sabe o que faz com a bola. Enfim, o golo não acontece e vem a sensação, que es

«Porque no te callas»

A propósito da frase do Rei Juan Carlos na XVII Cimeira Ibero-americana, estou a pensar das possíveis interpretações de uma frase deste calibre proferida por um Rei para todos ouvirem, excepto o Presidente Hugo Chaves, que afirma não ter ouvido. O que pensar? O que escever? Qual o caminho dever ser percorrido a fim de que eu possa provocar uma discussão mais ampla sobre o fato o ocorrido sem tomar uma tendência por ser brasileiro, latino-americano. Frases como estas aparecem em filme onde o rei manda e a vassalagem obedece cegamente, mesmo que o jogo moral esteja impuro, esteja contaminado pela arrogância, prepotência e intolerância. A América latina tem caminhado para sua afirmação de identidade «mestiça», onde a miscigenação entre: negro-africano, europeu (espanhol e/ou português) e as populações que habitavam e habitam até hoje estes espaços denominados de forma geral como índios tem vivido um momento de recuperação da auto-estima identitária, que se expressa através da ascensão ao

Dia da Consciência Negra

Ao meu amigo Ivo Ferreira de Jesus Infelizmente, ainda, é necessário o dia da consciência negra. Acabei de ver o filme sobre a vida do pugilista norte-americano Ruben Carter e fiquei pensando em quantas atrocidades foram feitas e estão a ser feitas, e ainda, continuarão a acontecer, enquanto as pessoas são medidas pela cor de sua pele. Também, estou a ler a respeito da Structuration Theory de Anthony Giddens e, por isso, assim como por outros motivos epistemológicos não acredito em nada no que tange a inconsciência. O preconceito racial e cultural ocorrem em todos os contextos Pós – Coloniais, seja aqui na Europa, seja na Ásia, seja nas Américas, seja no Oriente Médio, seja na África. Este está claramente alicerçado por natureza económica ou de manutenção do poder. Destarte, O modelo branco, muitas vezes copiado pelos negros, de pensar o mundo tem se repetido e se repetido vai se reformulando e se reformulando(...), vai ganhado dimensões e características tão contextuais que em mu