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Seleção Brasileira

Estava na birosca de seu Zé, quando passou a dona Jacimara. Gostosa que sou ela. A mulher que não diz nada com ninguém. Um bundão que deixa todo mundo em silencio. Aquele movimento dos quadris de um lado e para outro e eu entre outro ficamos olhando para aquele monumento em movimento. Até rimou. Ela de cabeça baixa ou com um olhar distante passar sem falar com um de senhora honesta, casada e fiel ao seu marido.
- É casada com o Jaime!
Vem aquela voz do fundo bar com a mão no meio da calças ainda seu ajeitando o dono do estabelecimento, que sabe da vida de todo mundo da rua. Por um segundo um falso respeito paira no bar(…)!
- Mas não é flor que se cheire. Uns falam outros falam. Eu ouço e contínuo calado. Ela é selação brasileira.
- O que é isso Jaime? Seleção brasileira! Perguntei com a curiosidade de saber qual era a relação da seleção brasileira com a mulher que passava. O marido dela joga na seleção?
- Quase isso!
- Não entendi?
Jaime queria vender a história, mas alguém deveria ter pedido segredo e ele na certa prometeu que não contaria para ninguém. Sorriu de canto de boca. Olhou para mim.
- Guarda este vê se não conta para ninguém!
Olhei para cara de Jaime e parecia que o que vinha era uma bomba.
- Não é ela que é seleção brasileira é o marido dela que é seleção brasileira. Você vê aqui em dia de jogo o Jaime passa aqui assiste o jogo todo. Beeeeeeeeeeeebe! Beeeeeeeeeeeeeeeeebe! Beeeeeeeeeeeeeeeeeeebe! E girta e xinga! E grita e xinga! 90 minutos de cervejas e gritos. Se o Brasil ganha ele bebe, se perde também. Foi num dia destes que ele pediu que eu fosse levar o carro dele em casa. Eu não quis dirigir o carro dele. Eu só pego no meu carro. Deixei a chave comigo e fui levar o sujeito em casa. O Jaime dormiu no banco do cargo. Eu, então, fui chamar a mulher dele para não pensarem que fosse um ladrão entrando na casa dele.
Cheguei e ouço. Desde do portão, a tv nas alturas. Parecia que tinha uma festa na casa do sujeito. De repente, vem a mulher do sujeito com um roupinha de dormir com um cara de desconsertada. «Aconteceu um acidente?» Respondi «Não!» «O marido da sra bebeu um pouco demais, então, resolvi trazê-lo, justamente para não acontecer um acidente».
A mulher chegou mais perto de mim e eu senti aquele cheiro de sexo que vinha da mulher do sujeito. Esse mulher tá fazendo alguma coisa por fora. Tava fudendo. Pensei, mas não falei nada. O marido era o bêbado, não era eu, fiquei quieto.
- E como você sabe que estava fudendo?
- Aquele suorzinho de foda! Ela tava molhada. O bico do peito ainda duro. Aquele andar de má vontade.
Passaram-se todos os jogos das eliminatórias e eu dizendo para o Jaime. «Vá para casa!» «Beba menos» e ele nada! Todo dia de jogo aparecia com mais um cinco e só saia do bar quando a cerveja acabava.
……………………………………
Deus não quer nada errado, já na Copa do Mundo. O sujeito deixou de beber aqui e foi beber num bar na praia. Eu conheço até o bar. O televisor é enorme melhor que o daqui. Enfim, o Jaime dava para beber mais longe de casa e só voltava, se voltasse no dia seguinte. Eu sei por que a última cerveja sempre é aqui. É de lei!
- E a mulher do cara!
- Calma rapaz!
Não é que tem um problema com a Tv do restaurante chique, que boa parte da freguesia vem para por aqui para assistir o jogo. E o sujeito já chega aqui bêbado. Mas, desta vez, no finalzinho do primeiro tempo peguei o sacana e fui levando para saber o que a mulher fazer no dia de jogo de seleção braliseira. Chego lá a mesma coisa. Dito e certo! A mulher novamente com um cheiro de sexo. Cheguei no portão e fui entregando a pastel do Jaime.
Então, a mulher do cara olhou para mim com um jeito safado de pidona! E falou:
- Ainda tem o segundo tempo. O seu Zé não que assistir aqui! Sempre torço contra a seleção brasileira, mas hoje, se o sr ficar eu boto meu time em campo.
Comi a mulher do corno. Todo dia de seleção brasileira eu largava o bar, deixava por conta dos meninos e ia lá levar a minha torcida! Estou esperando a próxima Copa.
Porto, 22 de Novembro de 2007
Domingos Oliveira de Sousa

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