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Mensagens

O presidente que não sabia ler

Domingos Oliveira de Sousa Uma das perguntas que eu faço direta e/ou indiretamente aos meus estudantes é se eles sabem ler. Tenho essa obrigação. Sempre que é possível, leio algo no início da aula ou no final. Trabalho com hipertexto é várias leituras acontecem no decorrer da aula. Ler é o primeiro passo. Quando percebo que o estudante não sabe ler. Tenho que voltar atrás. Pois que, se não sabe ler, não sabe escrever, não pensar o mundo, não sabe interpretar o mundo, nem tão pouco a si mesmo. Ele terá dificuldade de ser um sujeito formal. Será quem sabe um operacional concreto, ou ainda, um pré-operacional como afirma J. Piaget nas suas pesquisas sobre o desenvolvimento cognitivo. Percebo que muitos dos meus alunos são concretos. Sei também que alguns colegas são concretos isto constrói uma geração de sujeitos que não pensam. Executam. Copiam. Fazer o que é pedido, contudo não pensam. Voltamos ao século dos copistas? Esta talvez seja o juízo mais caro. Pensar. Reflet

Adversativas: “Sem o viés ideológico” Disse o Leão ao seu povo da selva!

Domingos Oliveira de Sousa Vou armar a população desta selva, contudo sem o viés ideológico Vou constranger ao vivo a garça  entrevistadora sobre o seu salário ser possivelmente inferior ao de um homem, fora àquela abelha vermelha que me processou por isto e aquilo! ainda assim, sem o viés ideológico Vou privatizar empresas estratégicas desta selva, quem sobreviver vai contar outra história. Não vai sobrar uma árvore!  entretanto sem o viés ideológico Vou jogar pesado na segurança,quem quiser matar cobras, macacos, antas e jacarés, burros, sobretudo, as corujas entre outros animais,  porém sem o viés ideológico Vou deixar os leões da reforma da previdência, ao contrário, vamos aumentar nosso salário,  mas sem o viés ideológico Vou acabar com o lixo marxista da educação nesta floresta, quem se sentir incomodado que se mude daqui, no entanto sem o viés ideológico Vou aparelhar o meu governo com os meus amigos de selva ou até aqueles que conh

Armas de fogo: promessa de campanha

Domingos Oliveira de Sousa Aqui no Brasil, existe uma lei que não permite que as pessoas dirijam automóveis tendo consumido bebida alcoólica. Isto não significa que os motoristas respeitem a lei e dirigiam sobre o efeito de bebidas alcoólicas: acidentes, mortes, tragédias, impunidades, subornos, ou ainda, algumas punições com o auxílio da imprensa. Enfim, a lei não é respeitada; vai de acordo com a postura moral do motorista. Isto também não quer dizer que aquele que respeita a lei não esteja passível de ser vítima de acidente no trânsito por terceiros. A primeira questão é: se não existe respeito frente a lei que proíbe o consumo de bebida alcoólica, então haverá a mesma prática para o uso de armas de fogo? Esta é a questão. A segunda questão é: se o sujeito é capaz de beber e dirigir, então ele é tem pode beber, dirigir e portar arma de fogo? Quem vai controlar este sujeito? O policial vai poder alvejá-lo? Eis a questão. Imagine uma pessoa que compra uma arma de fogo

O leão abobalhado

Domingos Oliveira de Sousa Vi um leão bobo. Disseram a ele que era o rei da selva. Ele acreditou. Podia mandar em tudo e todos. “Sou o rei”. “Mando aqui sozinho. ” Pensou por alguns segundos. O rei não sabia ler. Não sabia também escrever e falar em público. Ele não tinha habilidade para falar sobre assuntos espinhosos. Ele chamou o macaco prego para ser seu porta-voz. O macaco prego não era o mais malandro da selva, mas ele tinha um histórico de várias canalhices. Todo mundo sabia de como se comportava o macaco. Ele aprontava e dizia que era outro. Ele dizia a todo mundo que era honesto. Ninguém acreditava, mas todo mundo sabia quem era o macaco.  Todo mundo ouvia o macaco, porque o leão, quando falava era através da ameaça. “Vou matar você”, “Vou comer você”, “Vou expulsar você de minha selva” e a coisa iam caminhando para um caos total na selva. Sempre que podia o macaco colocava uma casca de banana no caminho do leão. O rei dos animais pisava na casca. A pa

Página Virada

Domingos Oliveira de Sousa É lembrando Chico Buarque, contudo não é apenas um folhetim. O ano termina com a sensação de uma mudança. Sei que estou fora dessa agenda. Encontro-me fora tanto do ponto de vista municipal, estadual e federal. De fato, são várias “páginas viradas”. Quando falo em outsider, refiro-me à Norbert Elias e a minha condição de professor, afrodescendente e nordestino. Talvez, ou muito certamente, eu faça parte do sujeito que compõe a modernidade tardia de A. Giddens ou a modernidade líquida de Z.B. É como se eu chegasse em uma festa que começou no início do século XX, e eu entrasse nesta festa no início do século XXI, entendo que não estou em igualdade de condições com aqueles que historicamente já tem se espaço conquistado. Eu chego para pagar a conta, para limpar o chão, o banheiro. Estou aqui para cortar a grama. Lavar os pratos. Assistir televisão e imaginar que faço parte desta tal modernidade. Sei o quanto é incomodo, quando estou a ocupar alguma

Feliz 2019

Domingos Oliveira de Sousa Sei que a comunicação produzida pela grande imprensa se encontra na região sudeste do Brasil, sobretudo pela cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Sei também que o tratamento que a região nordeste é tratada como um lugar só. Parece que é um espaço singular, contudo é plural. A comunicação social trata no singular: Nordeste. Não a região Nordeste. A impressão cabe a nós nordestinos repetidores de um discurso que não é nosso. De um Brasil, que só nos oferecem as migalhas. Chegou para o nordestino é por que não tem nenhum utilidade por lá. Ou seja, somos tratado como rebotalho. Fora os programas de televisão que expressamente deporta o nordestino que se encontra lá como um exemplo de solução dos problemas sociais que os próprios criaram. Nós não somos xenófobos, mas deveríamos colocar uma placa no aeroporto, na rodoviária, na estação marítima, ou na própria rodovia: “Deixe o seu racismo, discriminação e preconceito em sua casa ou acabe com ele.  Aq

O bolo de novembro Domingos Oliveira Sousa

     João pensou em comprar um bolo no mês de outubro. Antes, ele olhava para o bolo na vitrine da loja. Sorria timidamente para  vendedora. O dinheiro no final do mês nunca dava. Ele olhava para os bolos e ficava frustrado por não ter condições de aquele tipo de bolo. O vizinho de João sempre tinha um bolo. A família de José já não ligava para o bolo que ele trazia todo dia. Não tinha mais graça. O bolo era cortado de frente para a televisão pontualmente às 20:00. À medida que o bolo era comido, o silêncio que se estendia pela sala. Ouvi-se as notícias pela televisão. Só assim, João sabia que seu vizinho José estava comendo o bolo. João não tinha inveja de José. Achava que todo mundo tinha direito a um bolo no horário do jantar. A filha de João não queria engordar, mas queria um bolo no horário de jantar. Parecia chique. Jantar e comer bolo. A mulher de João sabia fazer bolo. Era fácil fazer dizia ela sorrindo. A filha também tinha desenvoltura com receita de bolos. G