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Armas de fogo: promessa de campanha


Domingos Oliveira de Sousa


Aqui no Brasil, existe uma lei que não permite que as pessoas dirijam automóveis tendo consumido bebida alcoólica. Isto não significa que os motoristas respeitem a lei e dirigiam sobre o efeito de bebidas alcoólicas: acidentes, mortes, tragédias, impunidades, subornos, ou ainda, algumas punições com o auxílio da imprensa. Enfim, a lei não é respeitada; vai de acordo com a postura moral do motorista. Isto também não quer dizer que aquele que respeita a lei não esteja passível de ser vítima de acidente no trânsito por terceiros.

A primeira questão é: se não existe respeito frente a lei que proíbe o consumo de bebida alcoólica, então haverá a mesma prática para o uso de armas de fogo? Esta é a questão. A segunda questão é: se o sujeito é capaz de beber e dirigir, então ele é tem pode beber, dirigir e portar arma de fogo? Quem vai controlar este sujeito? O policial vai poder alvejá-lo? Eis a questão.

Imagine uma pessoa que compra uma arma de fogo e deixa-a em casa. Olha a arma. Pega na arma. Chama a mulher e os filhos e diz: “Comprei uma arma.” Tira uma foto e coloca nas redes sociais com a arma na mão. Recebe uma série de curtidas. Tornar-se popular. Ou seja, a vida privada, torna-se pública. Acreditando que possuir uma arma de fogo seja algo privado.

Depois, vai para o clube de tiro. Aprende a fazer uso da arma de fogo. Há também àqueles que não vão ao clube de tiro. A arma em casa tem uso imediato. Treina com latas, com melancias, ou com gafaras de vidros e afins. Pega-se a arma e ameaça a mulher. Mata a mulher ou a mulher mata o homem. Pega-se a arma e ameaça o vizinho ou mata o vizinho. Este também vai se armar. Isto vai gerar uma reação em cadeia, um hábito ter uma arma de fogo em casa como se fosse um eletrodoméstico.

Em seguida, vem as crianças e o bullying. Isto não é novidade, adolescentes matar com arma de fogo por ter sofrido assédio moral.  Sei que o filho de policial pegou a arma do pai e foi na escola e matou a coleguinha que “ fez pouco dele”. Imagine quando estas armas chegarem às mãos de civis, que também sofrem bullying e terá a mesma postura que filhos de militares. Sem tons alarmistas, estamos caminhando a violência desmedida? Já que o desejo é imitar os estadunidenses é bom lembrar em “Tiros em Columbine”  de Michael Moore  e afins.

Só que não para por aí. A arma de fogo por vir a dar outros contornos as intolerâncias diárias. O filme “Escritores da Liberdade” de Richard LaGravenese demonstra o que acontece com os adolescentes em uma sociedade armada e violenta em contextos de intolerâncias multiculturais; como por exemplo: Los Angeles.

Mata-se sem motivo ou mata-se por qualquer motivo. Se este desenho de violência e intolerância for encenado pelo Brasil. Então, estão fomentando conflitos armados nas grandes cidades deste país? Esta é a ideia?


  O mote de combate à criminalidade através de uma polarização: bandido armado e civil armado.  Não significa tudo ficará bem. As variáveis são muito grandes. Percebe-se que se criou a falsa ideia de segurança com a compra da arma de fogo e o porte da mesma. Esta vontade de justiça pode a vir custar a vida de muita gente inocente perante a complexidade de contexto que estão por se apresentar. O exemplo estadunidense não vale a pena copiar, a não ser que mantenhamos a postura de banalização da morte e descrédito sobre a vida.

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