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O que posso fazer em 2019? O que foi feito na educação básica na Bahia?


Domingos Oliveira de Sousa[1]

Sei que há muito a fazer em 2019. O ano que se aproxima também será de resistência e de união. A pergunta que faço é quem quer resistir? Resistir para que? Quem? Onde? Como? E o mesmo para o unir-se também para que? Quem? Onde? Como estes pronomes interrogativos são angustiantes.

Tenho a impressão de que o PT (Partido dos Trabalhadores) local tem se movimentado ideologicamente: de um socialismo desbotado para um neoliberalismo vibrante. Esta é o motivo do angustia e dos pronomes interrogativos. Este consumo de Estado mínimo é algo mundial. É a força do capital sobre o próprio estado. Será que o PT local vai virar a casaca? E como ser contra a quem eu ajudei a ser eleito e agora sinto-me traído.


Por muito tempo, ouvi um discurso contrário no PT Nacional. Será que se encontram em conflito o PT local e o nacional? Não sei. E se alguém souber que construa um texto para explicar estas distorções ideológicas.   É preciso avisar a classe média que o PT local assumiu a agenda neoliberal; e é também necessário dizer a massa trabalhadora é que o PT local não atua para o povo; e sim, contra. É como se Lula já estivesse morto, ultrapassado, esquecido por quem sempre fez uso de suas máximas ideológicas. É como se, os anos do PT Nacional no poder, não significasse um governo popular para a grande massa trabalhadora. Esta é a contradição angustiante que vai atravessar estes próximos anos, a não ser que o atual executivo mude a sua postura de novo neoliberal.

Muito do que o governo do PT local tem feito dá a impressão de que estamos nos governos carlista do século XX, e detalhe, sem oposição. Sem ninguém nas ruas, para dizer não bem alto a esta liquidação do Estado da Bahia. Outra impressão é que os sindicatos tornaram-se agências de dupla identidade: pela manhã é governo e pela tarde é oposição ao próprio. Isto dá a impressão de oportunismo inoportuno. Um camaleão, um vampiro, um lobisomem que de acordo com momento transforma-se em alguma coisa para a nossa surpresa ou para nossa desgraça. Ainda não há uma oposição que faça frente a liquidação neoliberal.

Estou vivenciando a destruição da educação pública. Não se trata de destruir um modelo a fim de colocar outro em seu lugar. Trata-se de acabar. Exterminar. Findar a participação do Estado no que possa vir se uma Educação para a população pobre. Este, talvez, seja o legado deste executivo. Acabar com a educação pública no Estado da Bahia. De um lado, aumentar as distâncias sociais, sociorraciais em cidades como Salvador e o Recôncavo baiano, onde a população afrodescendente permanece nos piores percentuais dos indicadores sociais. Do outro lado, assiste a uma pretensa classe média a ocupar sempre os espaços de poder graças a políticas públicas contra a grande maioria da população deste Estado.


 Isto é ser PT na Bahia? A questão é com tanto petistas ilustres; não existe um grupo que se aproxime do  executivo e seja franco com ele em relação a educação no Estado da Bahia.

“Educar para transformar” Nem uma coisa, nem outra. Nem se educa, nem se transforma sem a mediação do professor. Há uma falta de uma Teoria do Conhecimento. Não que o senso comum tenha a sua importância. J. Piaget, Paulo Freire, Henry Giroux, Michael W. Apple não se encontram teoricamente no espaço escolar. Passam muito distante do horário da coordenação. O ato de educar requer qualificação a todo momento. Isto significa custo. Quando não se investe, o produto sai cada vez pior. É preciso criar critério para assunção ao cargo de Secretário de Educação. Não pode ser apenas político. Deve-se ter algum conhecimento sobre o que venha ser escola pública, educação básica e a realidade na qual os professores estão envolvidos.

 Imaginar o protagonismo da juventude sem a participação dos educadores é pura ingenuidade, ou falta de percepção da importância do professor na construção deste indivíduo em sujeito é fundamental.  A depreciação dos proventos do professor tem colocado abaixo da dignidade no exercício de sua profissão. Este é o fato social. De tal forma que, cria-se relações opressivas para com as partes. Do mesmo, desestimula as licenciaturas, quando não, passa a ser um local de pouco inteligência, de rancor, de heteronomia moral, onde será reproduzida no espaço escolar.

Nem os liberais no maior dos seus sonhos conseguiu realizar tal proeza. Acabar com a possibilidade de uma juventude ir à escola e aprender alguma coisa. Fechar uma escola é impedir um outro escolar oriundo da escola pública seja governador da Bahia como tal o é. Fechar uma escola é não possibilitar o fomento das inteligências que estão a todo momento pululando no espaço escolar na expectativa de sua ascensão intelectual. Fechar uma escola é superlotar outra, que não terá como fazer um bom trabalho com os escolares. Fechar escolar é negar a afrodescendência uma perspectiva de futuro.  
A ideia de união e resistência ainda é aparente. Os primeiros a cindir a corda foram o executivo e o legislativo no estado da Bahia. É sensação dada é que se deve manter em alerta para o executivo nacional como se este fosse o inimigo a ser contrariado, contestado e combatido, entretanto o inimigo encontra-se ao nosso lado.



[1] É professor do Estado da Bahia. Mestre em Estudos Culturais.

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