Domingos Oliveira de Sousa[1]
Há
muito tempo assisti ao filme “Body Snatchers” (Invasores de Corpos) de Abel
Ferrara. Começo por aqui para interpretar: como chegamos a este momento
belicoso?
Sei
que filme é uma ficção onde os seres humanos são tomados, transformados,
abduzidos em um outrem de outro mundo, de outro comportamento. Bastava a pessoa
ir dormir que aquela possível semente se enraizou com uma praga no corpo humano
e fazia uma cópia, sem o rácio humano e humanizador, mas com corpo. A dominação
da espécie humana está ameaçada. Esta seria a alegoria criada? Será que estamos
nessa luta entre a lucidez e a alucinação? Será que se trata de uma ideia de
uma eterna subalternização? Será que uma questão da necessidade de um falso
herói e uma falsa vitória?
Não
tenho a resposta precisa. Em certa medida, ou em medida grande, tenho a
compreensão não por completa, mas algumas interpretações são possíveis. Sabe-se
da cobiça e controle sobre as riquezas de subsolo no mundo, sobretudo,
pelo E.U.A. e a República Popular da China. Este cenário estrutural que está
ocorrendo muitas vezes não é tangível, nem tão pouco compreensível para o
cidadão sem o devido senso crítico, que é individualista e só olha para
umbigo. Esta é uma questão. Este o corpo já foi tomado pelo consumo, a vida
líquida e seu cartão crédito. A ficção e a realidade vão se aproximando. O
outro cidadão tem noção do significado da extrema direita no poder. Este é
outro sujeito que pode vir alertar com o que pode acontecer. Há também um
terceiro sujeito. Este é o déspota esclarecido. Sabe o que vai acontecer. Tem a
noção dos grandes jogos econômicos EUA versus China, ao invés de acordar as
pessoas antes que estas sejam abduzidas. Este faz o contrário. Convence a
massa, a fim de que esta trilhe por este caminho para o seu extermínio. Há uma
questão: a elite local é instrumentalizada no sentido de atender às solicitações
da elite mundial. Eis as questões.
Estamos
neste ponto. O ponto da liquidação de todos. Tem os que resistem a
transformação e fogem e lutam e discursam e vão para luta. Tem aqueles que
entregam o seu corpo a dominação.
Isso
de alguma forma fez-me pensar sobre o que vem acontecendo com nós brasileiros.
A impressão dada é que de alguma forma a alegoria nos tocou. Não se trata do
fato em si, mas o que levou a isto. Algumas sinalizações foram ocorrendo. Não
se trata apenas da perseguição ao PT (Partido dos Trabalhadores]
)
O Partido Comunista viveu a mesma realidade em boa parte do século passado e
sucumbiu por várias vezes a ilegalidade.
Sei
também que há também uma falência moral. Chega-se a conclusão que o sujeito
heterônomo constrói uma razão completamente obtusa frente a um sujeito
moralmente construído. A pergunta que se segue é: se a população do Brasil que
assumiu o discurso da força e da heteronomia moral como forma de compreender as
relações interpessoais fará parte do outsiders como afirma Norbert Elias? Eis a
questão.
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