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O PT tem que recuar(...)?


Domingos Oliveira de Sousa[1]

Certa vez Leonel Brizola solicitou publicamente que Lula desistisse da campanha eleitoral, a fim de dar a sua vaga para o próprio em função da campanha de Collor de Mello. O PT insistiu. Lula perdeu. O governo Collor durou 2 anos e, por fim, a social democracia de Fernando Henrique entrou em cena.

Falo de um lugar que corrupção e política caminham juntos, sobretudo, quando se trata de partidos com ideologias liberais. Sei que nem todo liberal não é corrupto, mas por muito tempo o poder esteve com os liberais a tal ponto que eles se tornaram empresários através do poder político, e não o contrário, empresários políticos. Esta mudança de substantiva e adjetiva é de muita importância a fim de compreender como se enrique em certos espaços do Brasil.

Vejo os socialistas daqui mudarem de bairro. Ter um carro um carro mais sofisticado. Ter plano de saúde. Os filhos estudarem em escolas particulares na educação básica e em universidades públicas na educação superior, quando não foram do país. Os socialistas têm algumas vontades e compromissos com o” povão”, contudo quando chegam ao poder não são mais “povão”.
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Não acredito que o eleitor seja conservador no sentido do etmo da palavra. Acredito em eleitor subalterno. Dizem os especialistas que o eleitor de Haddad tem baixa escolaridade. Isto pode ser uma verdade. O que dizer do eleitor de Bolsonaro? Escolarizado, contudo moralmente heterônomo. Acredito que o eleitor foi conduzido a não confiar no PT. Voltamos a confiança social. A prisão dos dirigentes do PT, dos Políticos do Partido dos Trabalhadores tornou-se rotina dos telejornais. Não apenas a prisão de Lula, mas também a pedagogia televisiva, onde neste romantismo o PT é o mal e os outros partidos são os bons. A mentira cristalizou-se em verdade. Leia-se que as provas contra Lula não são consistentes para mantê-lo preso, contudo ele encontra-se em cárcere de natureza política e não jurídica. De fato, isto maculou a imagem da ideia de honestidade, ou daqueles em que o povo poderia confiar. Políticos do calibre de Eduardo Suplicy e Dilma perderam, onde as pesquisas davam a vitória de ambos como certa. Seria este o sinal para o PT recuar e tentar colocar Ciro Gomes como candidato a presidente da república em um grande bloco de esquerda como fez Portugal? Esta é a pergunta que o PT tem que fazer a si mesmo, antes que a história se repita.
O povo também reprovou na urna muita gente que se encontra impune tanto pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e STF (Superior Tribunal Federal). Este julgamento tem sido fatal.  Ou seja, mesmo àqueles, que foram poupados por estes fóruns por este ou por aquele motivo o povo não esqueceu. Não votou. Liquidou uma parte significativa do central e colocou no lugar a turma do PSL (Partido Social Liberal). Por isso, talvez, não se trate de ser conservador, no entanto ideologicamente subalterno. Na expectativa de um super-herói que resolva todos os problemas de uma sociedade com uma fórmula mágica, quando sabemos que não é possível.

Se o discurso é pela democracia como afirma Haddad e muita gente concorda com ele por que não possibilitar o Ciro Gomes como alternativa de poder, antes que se efetue a vitória de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto? Um Bloco de esquerda pela mununtenção da democracia. É fato que o socialismo do PDT (Partido Democrático Brasileiro) pode ser diferente do Socialismo do PT e dos comunistas do PC do B; entretanto o que se encontra em jogo não é o poder político, e sim, a permanência do jogo democrático e da soberania nacional.  O professor Haddad sabe muito bem isto.
Em uma semana, Haddad cresceu 10%, isto é, pode-se ler que os eleitores de Ciro Gomes migraram em sua totalidade, contudo os eleitores de Bolsonaro ainda não se movimentaram para a campanha do PT. Não se está levando em conta a privatização das estatais, a inferiorização da mulher, a homofobia, racismo, a aproximação com os neonazistas. Ou contrário, ao que parece a população subalterna ou não, caminha para o discurso da força e da heteronomia moral. Deve-se pensar com a grandeza que a própria democracia merece.



[1] Mestre em Estudos Culturais UFP/PT.

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