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Brasil: eleições 2018




Domingos Oliveira de Sousa[1]





Acredito que o fio condutor deste ensaio caminhe pelas declarações do senador “Tasso Jereissati: ‘Nosso grande erro foi ter entrado no governo Temer”. A ideia do erro. O governo Dilma foi um divisor de águas daqueles que pactuavam com a corrupção e daquele que entendiam que a política era para gente honesta. Dilma agiu com autonomia moral. Não se corrompeu muito menos permitiu a corrupção no seu governo. As pedaladas que não existiam foi o mote para tirá-la do jogo. Ela oi capaz de perder o cargo, contudo não perdeu os princípios morais. Mostrou-se forte e obstinada.




Paralelo a isso, o povo assistia constrangido ao ver a presidente deposta e ao mesmo tempo as ações sociais dos governos Lula/Dilma serem destruídas: o bem-estar social foi alvejado, diminuído por parte imprensa, o combate à pobreza era algo feio. Voltamos ao mapa da fome, da pobreza e com isso, mais violência, mais corrupção, e por fim mais impunidade.




De um lado, os partidos pró Temer imaginavam que o povo fosse sucumbir a ideia ao novo modelo de gestão do governo: pós-democracia como afirma Collins em Pós Democracia. “Capital forte, Estado fraco”. De outro lado, a democracia sofreu um golpe, contudo o povo percebeu. Este muito certamente foi o grande erro dos partidos políticos que perderam a eleição. Não aceitar a derrota. Não permitir a presidente governar.  Como se o eleitor não fosse capaz de perceber as diferenças dos governos do PT (Partido dos Trabalhadores) entre os outros Governos.



O PT foi sensível àqueles que mais necessitavam da assistência social que para muitos não existiam, sobretudo, nas regiões norte e nordeste. É bom tom ressaltar que o maior número de assistidos pelo bolsa-família se encontram na região sudeste.




 À medida que a imprensa publicava práticas e corrupção envolvendo políticos do PSDB, (Partido da Social Democracia Brasileira) (PP) Partido Progressista entre outros partidos. A sensação de impunidade aconteceu. Os políticos não tiveram o mesmo tratamento de Dilma nem tão pouco como de Lula. Muitos estão correndo a cargos públicos entre outros. Outros ainda não perderam o cargo político e ainda estão em seus cargos. Alguns não foram investigados. Os que foram investigados não foram punidos. Outros ainda foram investigados e a investigação caducou. A investigação perdeu a validade. Enfim, muita gente corrupta não se encontra presa. Ao contrário, mesmo sendo julgado em segunda instância.




Isto reflete nos percentuais de intenção de voto a presidência da republica partidos do MDB (Movimento Democrático Brasileiro), PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) perderam a credibilidade na hora do voto. O povo está fazendo um julgamento que o STF (Supremo Tribunal Federal), tanto quanto (TSE) Tribunal Superior Eleitoral deveria ter feitos em suas respectivas instâncias. Pode-se interpretar que o voto ao Deputado Jair Bolsonaro seja representação a tudo que cotidianamente o/a brasileiro/ tem visto nas práticas judiciais e nas práticas políticas. Votar para contrariar o mando. Votar com raiva pelo que se vê e o que se tem. Votar sem medir as consequências necessárias do amanhã de um lado. Do outro lado, o PT com Lula preso em Curitiba pelo um crime que muitos juristas afirmam que não existiu, arquiteta a vitória do seu partido. O povo quer o PT de volta. Os percentuais de intenção de voto demonstram isto.




O PT vai sobreviver a este momento, contrariando que muitos dizem que não sobraria nada deste partido, enquanto os outros não se pode afirmar o mesmo. Talvez, tornem-se partidos locais e deixem de ser partidos de expressão brasileira, como por exemplo PSDB em São Paulo. O tempo dará a melhor resposta.



[1] É professor da Educação Básica do Estado da Bahia. Mestre em Estudos Culturais.

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