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E agora Lula?


Domingos Oliveira de Sousa[1]

Acredito que neste momento político a ficção e a realidade se aproximam. O poeta mineiro e político pernambucano: as possíveis angústias e representações do José e Lula são tão distantes e ao mesmo tempo tão próximas que é possível refletir, cogitar ou ainda interpretar o real e a alegoria poética.

Sabe-se que Lula da Silva por vir a tornar-se presidente do Brasil pela terceira vez. Talvez, esta seja a sua sina, contudo os percalços não são poucos. Esta condição de político preso e preso político como afirma de forma inteligente o cantor e compositor Gilberto Gil nos possibilita vários contextos que o jogo político pode vir a sugerir.

O primeiro seria Lula mesmo na prisão; ser eleito e ganhar a eleição. Isso, de fato, poderia acontecer, contudo já existe uma movimentação em torná-lo inelegível em definitivo. Será que é definitivo? “Sou uma ideia, uma ideia não se prende” disse o ex-presidente. Isto quer dizer que este é capaz de fazer a transferência de votos a fim de tornasse vencedor; mesmo preso e inelegível.

Se é uma ideia, petistas como Jacques Wagner, ex governador da Bahia, ou ex prefeito de São Paulo Fernando Haddad estão sendo cogitados para representar esta ideia que se encontra presa. Em certa medida, pode-se compreender como estratégia essa manutenção do nome de Lula “José” em cárcere  e existencial como candidato. Isto de alguma forma, não os coloca nos holofotes da comunicação social e/ou da polícia federal tanto um outro postulante ao cargo de presidente do Brasil. Lula não recebe mais nenhum tiro por estar preso, ou contrário, o desejo é de libertá-lo, a fim de que este participe de forma democrática a próxima eleição é  um lema:  “Lula Livre”. Outra adversativa, a democracia tem saído do cenário político, isto é, talvez Lula continue preso e  a eleição não aconteça por força da possível vitória do PT (Partido dos Trabalhadores) na próximo pleito presidencial.

Terceiro, ventila-se ainda duas alianças com Lula preso, todavia elegível. Com Ciro Gomes do PDT (Partido Democrático Trabalhista) mais ao centro direita ou com Manuela D’Ávila do PC do B (Partido Comunista do Brasil) mais à esquerda que o próprio PT. Esta movimentação ideológica aparentemente não conta. Isto é, Manuela pode alguma forma representar para muitas mulheres a ideia de representação da mulher no palácio do planalto, enquanto a Ciro Gomes a impressão dada é que uma classe social tem a simpatia dele a outros candidatos.

E, por fim, José vive a sua angústia existencial. Quais são as saídas? Qual será o seu fim? A Democracia voltará? “E agora José? ”.
Referências
 Andrade, C.D. Obras Completa. Rio de Janeiro. Nova Aguilar.1992.




[1] É professor da Educação Básica do Estado Bahia. Mestre em Estudos Culturais. UFP/PT.

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