Domingos
Oliveira de Sousa[1]
Sei que em
muitas sociedades o voto, a eleição e os eleitos, bem como os que perdem os pleitos
representam uma cultura, e uma cultura política, uma forma de viver de vários grupos
sociais de maneira que o povo se ver representado por um homem ou uma
mulher. Eis que, está entre outras formas far-se-á manutenção do poder ou dos
poderes por determinado/s grupo/s.
Creio que no
contexto soteropolitano a cultura política tem a intenção de manter
a população afrodescendente sob controle. Isto quer dizer que a política e o
poder político encontram-se nas mãos dos brancos ou de ideologia branca.
Numa
conversa informal com a historiadora baiana Marli Geralda Teixeira. Questionamos;
Se Obama fosse candidato a Prefeito de Salvador, então ele venceria? Sei que os
números são inversos, a maioria afrodescendente para minoria branca em
Salvador. Isto seria suficiente para chegar a algumas conclusões, contudo
entendo e controlo a ansiedade de concluir neste momento.
Existe o
voto neopentecostal. Este é um voto forte. Os fiéis estão edificando
bancadas no município, no estado e no âmbito federal. É de bom tom lembrar que
o Prefeito da cidade do Rio de Janeiro é pastor. Há também o voto em militar,
seja este da polícia civil, militar ou das forças armadas reformado. Esta outra
bancada muito expressiva. Além destes, há o voto familiar/hereditário. O ACM é
neto. Jutahy é Jr entre outros. Ou seja, existe uma série de formas e
composições de grupo de pertença, contudo a afrodescendência não se movimento
como grupo de pertença político partidário. Estes grupos construíram uma
cultura política de manutenção da pobreza, ignorância e brutalização da
população, sobretudo, afrodescendente a fim de manter no poder político e
econômico.
Candidatos/as
como Luís Alberto, Olívia Santana, Sílvio Humberto entre outros estão abrindo
caminho para um outro grupo de pertença, isto é, uma possibilidade de uma nova
cultura política. A racialização voto como forma de Ação Afirmativa a fim de que
o/a afrodescendente encontre partidos que se alinhem com tom da ideologia socialista
no intuito na promoção da igualdade racial. Não se trata de uma solução e sim
de um contingenciamento.
As vitórias
de Barack Obama são representativas. A população branca estadunidense foi às
urnas por duas vezes o elegeu. Isto de alguma forma demostra a relação de
confiança social de um eleitorado de maioria branca e um candidato afro-americano.
Por mais que, as tensões e conflitos no que tange as relações raciais existam
no espaço estadunidense. Ele venceu. Esta é uma realidade de um lado do mundo,
que caminha para o pós-racialismo como afirma o jornal Los Angeles Times em sua
primeira vitória presidencial. Do outro lado, ver-se a dificuldade em partidos
com um tom socialista em colocar políticos afrodescendentes no poder
legislativo seja no município, no estado e na câmara federal e no senado; bem
como no poder executivo e suas respectivas instâncias.
Muito
certamente Barack Obama não conseguiria convencer as estruturas partidárias para
concorrer na chapa majoritária para concorrer para o senado, bem como para
governador, o prefeito de uma cidade como Salvador/Bahia. O que
pode esperar dos arranjos políticos partidários onde as representações dos
afrodescendentes ficam a sombra dos políticos brancos?
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