Avançar para o conteúdo principal

O que fazer em 2018?



Domingos Oliveira de Sousa

É muito difícil vivenciar este momento da história do Brasil e ficar inerte. Estamos em pleno golpe, que não é militar, como eu entre outros colegas enfrentamos. Fiz parte de juventude oprimida, sufocada e lutadora por uma tal de Democracia. Era como se fosse uma namorada que pouco dava importância para jovem sonhador.

O tempo passou e ela, a Democracia, atravessou a rua como a garota de Ipanema de Vinicius e cassou aquele frisson. Depois sumiu. Acabou por ali mesmo. Lembro também da Rosa do povo de Drummond. Talvez, o poema de Drummond tivesse mais força. “ Rompeu o asfalto”. Dizia o poeta mineiro. Esta é a sensação a “Democracia” insinuou-se para nós. O tempo foi curto.

Hoje o golpe não é militar. O golpe tem vários colaboradores internos e externos; por um lado, políticos, jurídicos e a comunicação social, por outro lado, o Mercado transnacional como interpreta Bauman em Carlo Bordoni em Estado de Crise e a CIA, como também afirma o jurista Fábio Konder Comparato em entrevista a Paulo Henrique Amorim em portal Conversa Afiada.  E, por fim, a Colonização do Futuro como analisa  A. Giddens em Modernidade Tardia.

Estes atores estão contra o Brasil. A impressão dada é que o povo só entendeu o golpe, quando atingiu o bolso. A educação pela comunicação social preparou a classe média para ir às ruas solicitar à deposição da presidente Dilma. A sensação era que o país se encontrava sem governo. Não acredito que a classe média não tivesse inteligência suficiente para antever o caos social, econômico e moral que seria o governo Temer.  Apoiou o atual presidente com uma postura contra Partido dos Trabalhadores no poder.  Isto é, imaginar que só a população pobre perderia direitos adquiridos durante os governos Lula/Dilma. Fui uma bobagem. Perderam todos   

Há outra sensação é que o país diminui, encurtou, perdeu o seu próprio rumo. Não do tamanho geográfico, e sim, da importante posição de líder na América do Sul; bem como assumiu a liderança no combate a fome. O interessante é que hoje países como a Itália tem copiado o modelo. Este entendimento mesquinho do Brasil é a forma pela qual as elites locais tratam este país. Há forças neste país que quer manter o brasileiro como um sujeito menor, grosseiro e ignorante. Eis a questão. As elites brasileiras são contra os brasileiros. Não acredito que sejam conservadoras. A impressão é de que são fascistas. O controle social, a constituição do indivíduo subserviente. Estes são os sinais que não saímos de uma condição (neo)colonial.

A luta de classes é um fato social, político e econômico. O Partido do Trabalhadores (PT) tem assumido a representação dos anseios populares. Eis a questão. O que pode vir acontecer em 2018 se os brasileiros não se mobilizarem contra este retrocesso? A manutenção do poder político-econômico sobre o controle do mercado transnacional? Ou o país voltará a ter uma agenda que dê assistência aos brasileiros? O que fazer em 2018?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Afinal!!! o que aconteceu no PAF?

Algumas coisas precisam ser ditas no que diz respeito ao concurso realizado no último domingo dia 19 setembro de 2010. A primeira diz respeito ao tratamento dado aos professores(as)  pelos fiscais. Em certo momento, cheguei a achar que, por um lado, havia certo nervossísmo do fiscal que não sabia dirigir a nós professores(as); por outro lado, parecia desrespeito mesmo. Afinal, somos educadores não estávamos ali para burlar a lei. Nós, a princípio, é que fiscalizamos as provas que fazemos e através delas é que vamos encaminhado a vida de muitos  estudantes; contribuindo  na relação de ensino e aprendizagem de muita gente e muito certamente daqueles fiscais, que ali se encontravam, desconfiando de uma possível caneta escanner ou de "pesca" com um eletrônico sofisticadíssimo.   A segunda é a própria avaliação que, a meu ver pareceu-me boa e inteligente. Fiz as primeiras 14 questões e li boa parte das outras questões. Os assuntos refletiam as atividades feitas ...

Página Virada

Domingos Oliveira de Sousa É lembrando Chico Buarque, contudo não é apenas um folhetim. O ano termina com a sensação de uma mudança. Sei que estou fora dessa agenda. Encontro-me fora tanto do ponto de vista municipal, estadual e federal. De fato, são várias “páginas viradas”. Quando falo em outsider, refiro-me à Norbert Elias e a minha condição de professor, afrodescendente e nordestino. Talvez, ou muito certamente, eu faça parte do sujeito que compõe a modernidade tardia de A. Giddens ou a modernidade líquida de Z.B. É como se eu chegasse em uma festa que começou no início do século XX, e eu entrasse nesta festa no início do século XXI, entendo que não estou em igualdade de condições com aqueles que historicamente já tem se espaço conquistado. Eu chego para pagar a conta, para limpar o chão, o banheiro. Estou aqui para cortar a grama. Lavar os pratos. Assistir televisão e imaginar que faço parte desta tal modernidade. Sei o quanto é incomodo, quando estou a ocupar alguma ...