Domingos Oliveira de Sousa
É muito difícil vivenciar este momento da história do Brasil e ficar inerte. Estamos em pleno golpe, que não é militar, como eu entre outros colegas enfrentamos. Fiz parte de juventude oprimida, sufocada e lutadora por uma tal de Democracia. Era como se fosse uma namorada que pouco dava importância para jovem sonhador.
O
tempo passou e ela, a Democracia, atravessou a rua como a garota de Ipanema de Vinicius
e cassou aquele frisson. Depois sumiu. Acabou por ali mesmo. Lembro também da
Rosa do povo de Drummond. Talvez, o poema de Drummond tivesse mais força. “
Rompeu o asfalto”. Dizia o poeta mineiro. Esta é a sensação a “Democracia”
insinuou-se para nós. O tempo foi curto.
Hoje
o golpe não é militar. O golpe tem vários colaboradores internos e externos; por
um lado, políticos, jurídicos e a comunicação social, por outro lado, o Mercado
transnacional como interpreta Bauman em Carlo Bordoni em Estado de Crise e a
CIA, como também afirma o jurista Fábio Konder Comparato em entrevista a Paulo
Henrique Amorim em portal Conversa Afiada. E, por fim, a Colonização do Futuro como analisa
A. Giddens em Modernidade Tardia.
Estes
atores estão contra o Brasil. A impressão dada é que o povo só entendeu o
golpe, quando atingiu o bolso. A educação pela comunicação social preparou a
classe média para ir às ruas solicitar à deposição da presidente Dilma. A
sensação era que o país se encontrava sem governo. Não acredito que a classe
média não tivesse inteligência suficiente para antever o caos social, econômico
e moral que seria o governo Temer. Apoiou
o atual presidente com uma postura contra Partido dos Trabalhadores no poder. Isto é,
imaginar que só a população pobre perderia direitos adquiridos durante os
governos Lula/Dilma. Fui uma bobagem. Perderam todos
Há
outra sensação é que o país diminui, encurtou, perdeu o seu próprio rumo. Não
do tamanho geográfico, e sim, da importante posição de líder na América do Sul;
bem como assumiu a liderança no combate a fome. O interessante é que hoje países
como a Itália tem copiado o modelo. Este entendimento mesquinho do Brasil é a
forma pela qual as elites locais tratam este país. Há forças neste país que
quer manter o brasileiro como um sujeito menor, grosseiro e ignorante. Eis a
questão. As elites brasileiras são contra os brasileiros. Não acredito que
sejam conservadoras. A impressão é de que são fascistas. O controle social, a
constituição do indivíduo subserviente. Estes são os sinais que não saímos de
uma condição (neo)colonial.
A
luta de classes é um fato social, político e econômico. O Partido do Trabalhadores
(PT) tem assumido a representação dos anseios populares. Eis a questão. O que
pode vir acontecer em 2018 se os brasileiros não se mobilizarem contra este
retrocesso? A manutenção do poder político-econômico sobre o controle do
mercado transnacional? Ou o país voltará a ter uma agenda que dê assistência aos
brasileiros? O que fazer em 2018?
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