Avançar para o conteúdo principal

Eleitores negros e candidatos negros - Parte I

Se o conceito de etnicidade do ponto de vista político estivesse em pratica nas relações raciais em Salvador – Bahia; os eleitores negros e/ou afrobaianos estariam votando em Prof. Carlos do PSTU, (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) ou Sandro Santa Bárbara do PCB (Partido Comunista Brasileiro) para governador, os senadores seriam França do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) e Edvaldo Brito do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e o Deputado Federal mais votado seria Luís Alberto do PT (Partido dos Trabalhadores) e Deputada Estadual Olívia Santana do PC do B (Partido Comunista do Brasil), mas a realidade em relação ao  eleitor negro e candidato negro a todo tempo é distanciada de qualquer tipo de discussão quando se fala em voto e tomada de poder; uma vez que o  grande jogo manter nas  mãos da minoria branca o controle da maioria negra.
Segundo as inscrições feitas no TRE – Bahia (Tribunal Eleitoral Bahia), o limite de gastos da campanha do Prof. Carlos José Bispo do Nascimento do PSTU é 50.000,00 reais, a declaração de gastos de Marcos Mendes do PSOL é de 200.000,00, a de Sandro Santa Bárbara do PCB 300.000,00.  Por outro lado, a declaração Luís Carlos Bassuma do PV (Partido Verde) foi de 5.000.000.00 reais; a de Paulo Ganem Souto de 25.000.000,00; a de Jacques Wagner do PT foi de 26.000.000,00 de reais, e, por fim, a de Geddel Quadros Vieira Lima do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) foi de 30.000.000,00 de reais[i].  Quanto ao senado, os números também demonstram a força do capital nas campanhas. Os candidatos Edvaldo Brito PTB, Cezar Borges do PR declararam 8.000.000,00 de reais; Lídice da Mata PSB (Partido Socialista Brasileiro), Walter Pinheiro PT, José Carlos Aleluia do DEM (Democratas) e José Ronaldo do DEM declararam 6.000.000,00 de reais.  Edson Duarte do PV declarou 3.000.000,00 de reais. Carlos Henrique Sampaio do PCB declarou 500.000,00 reais. Zilmar Alverita da Silva e Luís Carlos França do PSOL declararam 200.000,00; e, por fim, Albione de Souza Silva do PSTU declarou que não vai gastar nada na campanha[ii].
Da campanha mais cara a mais barata, a relação partido político, cor de pele dos candidatos a cargos eletivos e a escolhas internas das lideranças para concorrer a estes cargos demonstram que a sua maioria é branca. Pode-se entender que existe alguma pratica de racismo institucional nas escolhas dos candidatos e a sua cor de pele; por trás da idéia de competência e sedução entre candidato e eleitor. Muito certamente candidatos negros têm dificuldade de ocupar a condição de concorrentes a cargos eletivos em partidos que tem franca possibilidade de vencer o pleito. O Prof. Edvaldo Brito talvez fosse à exceção que confirma a regra, entretanto a segunda barreira é o voto. Segundo o Instituto Data Folha, mesmo ele fazendo uma campanha com um investimento de 8.000.000,00 de reais, o seu percentual entre candidatos é de 9% da preferência popular. O que falta? Credibilidade? Confiança entre o eleitor e o candidato negro? Quando Lídice da Mata e Walter Pinheiro, que fizeram uma declaração de bens menor em 2 000.000, 00 de reais, estão disputando as duas vagas do senado com Cézar Borges[iii]. A pergunta que se faz é: quando eleitor negro vai votar em um candidato negro e/ou afrodescendente entendendo a importância das afirmações de identidades e etnicidades? Existe um distanciamento entre a candidatura do Prof. Carlos e do Prof. Edvaldo Brito, no entanto elas se aproximam no que tange a cor da pele e a interpretação social e sócio racial das mesmas e/ou este fenômeno ocorre também com os candidatos Sandro Santa Barbara, Zilmar e França que sofrem da mesma desconfiança  sócio – racial perante o eleitor.


 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Afinal!!! o que aconteceu no PAF?

Algumas coisas precisam ser ditas no que diz respeito ao concurso realizado no último domingo dia 19 setembro de 2010. A primeira diz respeito ao tratamento dado aos professores(as)  pelos fiscais. Em certo momento, cheguei a achar que, por um lado, havia certo nervossísmo do fiscal que não sabia dirigir a nós professores(as); por outro lado, parecia desrespeito mesmo. Afinal, somos educadores não estávamos ali para burlar a lei. Nós, a princípio, é que fiscalizamos as provas que fazemos e através delas é que vamos encaminhado a vida de muitos  estudantes; contribuindo  na relação de ensino e aprendizagem de muita gente e muito certamente daqueles fiscais, que ali se encontravam, desconfiando de uma possível caneta escanner ou de "pesca" com um eletrônico sofisticadíssimo.   A segunda é a própria avaliação que, a meu ver pareceu-me boa e inteligente. Fiz as primeiras 14 questões e li boa parte das outras questões. Os assuntos refletiam as atividades feitas ...

Página Virada

Domingos Oliveira de Sousa É lembrando Chico Buarque, contudo não é apenas um folhetim. O ano termina com a sensação de uma mudança. Sei que estou fora dessa agenda. Encontro-me fora tanto do ponto de vista municipal, estadual e federal. De fato, são várias “páginas viradas”. Quando falo em outsider, refiro-me à Norbert Elias e a minha condição de professor, afrodescendente e nordestino. Talvez, ou muito certamente, eu faça parte do sujeito que compõe a modernidade tardia de A. Giddens ou a modernidade líquida de Z.B. É como se eu chegasse em uma festa que começou no início do século XX, e eu entrasse nesta festa no início do século XXI, entendo que não estou em igualdade de condições com aqueles que historicamente já tem se espaço conquistado. Eu chego para pagar a conta, para limpar o chão, o banheiro. Estou aqui para cortar a grama. Lavar os pratos. Assistir televisão e imaginar que faço parte desta tal modernidade. Sei o quanto é incomodo, quando estou a ocupar alguma ...