Avançar para o conteúdo principal

Nem tudo que si vê, si é

Há de se perceber que desde Carmem Miranda, que nasceu em Portugal, criou-se uma imagem da mulher brasileira, dançarina, alegre, a cantar a beleza da sua terra através do cinema por todas partes do mundo.

No decorrer do tempos, foram se avolumando os adjectivos ao corpo e a sua sexualidade. As imagens constitutivas das mulheres brasileiras no Brasil exploram seu corpo, isto é um fato. As representações das actrizes brasileiras dão continuidade da relação mulher, corpo e sexualidade. Dando a entender que toda mulher brasileira segue este modelo fiel de mulher lasciva, sedutora, amante e/ou prostituta. Como se pudesse cristalizar a imagem de uma personagem de novela a todas as mulheres brasileiras. É bom se ter a medida entre o ofício da actriz representar para desenvolver uma trama de entretenimento, e o real dentro de suas possibilidades de leitura.

Sem tocar em dados históricos, mas de alguma forma os tocando. Não apenas a prostituta, mas também a prostituição não é uma invenção brasileira, nem tão pouco portuguesa. Vale lembrar que muitas foram importadas para o Brasil por ordem deste ou daquele para lá casassem com os seus patrícios, com o intuito de diminuir a miscigenação entre os portugueses e índios, e portugueses e negros. É por que quando elas retornam são motivos de escândalo ou xenofobia?

Observa-se nos relatos de estudantes brasileiras que ficam literalmente silenciosas em ambientes sociais para não serem identificadas como brasileiras, e por fim, e não serem entendidas como prostitutas; e acabarem sendo assediadas como se estivessem a vender o corpo a todo e qualquer homem. No entanto, elas não percebem que ser brasileira, está além de sua fala, além de sua cor, além de seu cheiro, do seu andar, está no seu existir, ser brasileira é latente a elas e aonde forem serão brasileiras.

Estas jovens em sua grande maioria são estudantes de classe média no Brasil e vem para Portugal com a imagem positiva e cristalizada da do Continente Europeu, para fazer cursos de Pós – Graduação, ou ainda Graduação nas prestigiosas Universidades de Lisboa, Coimbra e no Porto. De tal forma que, trazem consigo todas as matrizes psicossociais que são inerentes a elas, uma que a classe social da qual elas fazem parte e as estruturas sociais no Brasil que as ampararam e as aceitavam como ela são, sejam no modo de existir e dialogar com o mundo e com seu mundo na condição de sujeito histórico.
Pois então, não é isso que encontram, seja por que querem repetir o seu modelo de comportamento que as constituíram no Brasil que em Portugal não se aceita. Seja por que a mentalidade que diz de forma subjetiva “ um dia você foi colonizado por mim, por isso comporte-se na metrópole “.
Porto, 20 de Novembro de 2005.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Página Virada

Domingos Oliveira de Sousa É lembrando Chico Buarque, contudo não é apenas um folhetim. O ano termina com a sensação de uma mudança. Sei que estou fora dessa agenda. Encontro-me fora tanto do ponto de vista municipal, estadual e federal. De fato, são várias “páginas viradas”. Quando falo em outsider, refiro-me à Norbert Elias e a minha condição de professor, afrodescendente e nordestino. Talvez, ou muito certamente, eu faça parte do sujeito que compõe a modernidade tardia de A. Giddens ou a modernidade líquida de Z.B. É como se eu chegasse em uma festa que começou no início do século XX, e eu entrasse nesta festa no início do século XXI, entendo que não estou em igualdade de condições com aqueles que historicamente já tem se espaço conquistado. Eu chego para pagar a conta, para limpar o chão, o banheiro. Estou aqui para cortar a grama. Lavar os pratos. Assistir televisão e imaginar que faço parte desta tal modernidade. Sei o quanto é incomodo, quando estou a ocupar alguma ...

Afinal!!! o que aconteceu no PAF?

Algumas coisas precisam ser ditas no que diz respeito ao concurso realizado no último domingo dia 19 setembro de 2010. A primeira diz respeito ao tratamento dado aos professores(as)  pelos fiscais. Em certo momento, cheguei a achar que, por um lado, havia certo nervossísmo do fiscal que não sabia dirigir a nós professores(as); por outro lado, parecia desrespeito mesmo. Afinal, somos educadores não estávamos ali para burlar a lei. Nós, a princípio, é que fiscalizamos as provas que fazemos e através delas é que vamos encaminhado a vida de muitos  estudantes; contribuindo  na relação de ensino e aprendizagem de muita gente e muito certamente daqueles fiscais, que ali se encontravam, desconfiando de uma possível caneta escanner ou de "pesca" com um eletrônico sofisticadíssimo.   A segunda é a própria avaliação que, a meu ver pareceu-me boa e inteligente. Fiz as primeiras 14 questões e li boa parte das outras questões. Os assuntos refletiam as atividades feitas ...